Sertão com sede. Deputado de férias no chocolate de Paris.
- Redação FalaAiBahia

- 9 de out.
- 2 min de leitura
Enquanto o sertão da Bahia enfrenta uma das estiagens mais severas dos últimos anos, com poços secos, rebanhos morrendo de sede e famílias racionando água, o deputado estadual Ricardo Rodrigues, integrante da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), embarca para Paris, não para tratar da seca, mas para participar de uma feira internacional do chocolate.
A cena resume o contraste doloroso entre o discurso político e a realidade do sertão. O deputado, que costuma se apresentar como defensor do interior e da agricultura familiar, optou por um roteiro que mistura turismo, vitrine e holofote em um momento em que sua base eleitoral enfrenta o drama da sobrevivência.
Entre a seca e o chocolate
Ninguém nega a importância do cacau para a economia baiana, símbolo histórico de exportação e geração de renda. Mas o questionamento é outro: prioridade.
Em plena estiagem, o que o sertanejo mais precisa não é de vitrine internacional, mas de poços recuperados, água encanada e crédito emergencial para o produtor rural que perdeu a lavoura e o rebanho.
Enquanto o deputado posa com chocolates europeus, comunidades rurais em Lapão, Canarana, Central e Irecê enfrentam dias seguidos sem abastecimento regular. As caatingas rachadas e os bebedouros vazios falam mais alto do que qualquer discurso de gabinete.
Resultados que ainda não chegaram
Ricardo Rodrigues gosta de citar a instalação de uma unidade do órgão ambiental em Irecê como uma das suas conquistas recentes.Mas quem busca licenças, atendimento ou orientação técnica conta outra história: filas longas, respostas lentas e pouca efetividade prática.
Se houve avanço institucional, ele ainda não chegou a quem mais precisa. A seca exige agilidade, ação no campo e não apenas estrutura burocrática.
O que o sertão espera
O cidadão que vive no semiárido sabe o que é essencial:
Água para beber e produzir;
Poços perfurados e recuperados;
Adutoras emergenciais para abastecimento rural;
Transparência sobre o uso de verbas da seca;
Crédito para quem perdeu safra e rebanho.
Essas são as demandas urgentes que deveriam estar no topo da pauta de quem representa a região.
Prestação de contas e coerência
A população quer saber quem financiou a viagem, qual o custo, quais os resultados concretos e o que o sertão ganha com essa visita internacional.
O parlamentar deve à sociedade uma explicação clara e uma atuação à altura da crise que atinge o povo que o elegeu.
Porque, em tempos de seca, o povo não quer foto com chocolate. Quer água, dignidade e trabalho de verdade.




















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